segunda-feira, 5 de março de 2012

Inquietude ou a solidão dos sentidos...

 
II Capítulo



Avistou o final da recta da estrada de campo. Estava a pouco tempo de entrar na ponte de Vila Franca de Xira. Pouco mais de dois quilómetros e estava a entrar no cruzamento. Veio-lhe à memória a primeira vez em que Marta o tinha deixado completamente assustado e fora de si.
O seu relacionamento tinha cerca de dois meses e já viviam juntos em casa de Marta.. Era uma noite em que  regressavam da Ericeira. Uma noite em que tinham ido jantar com um casal de amigos de Afonso,  Paulo e  Simone.
Marta tinha manifestado algum agrado por Afonso se mostrar interessado em apresentá-la aos seus amigos. Até porque ela dizia não os ter. Nunca até aí tinha falado de amigos, tirando uma irmã que Afonso ainda não conhecia e que vivia em Lisboa, Marta era uma pessoa sozinha....aparentemente.
Paulo e Simone eram dois amigos de infância de Afonso, daqueles amigos que ele considerava verdadeiros. Estavam habituados a confidenciar segredos entre si, alguns até bastante íntimos. Eram quase sempre os primeiros  a saber das novidades, embora ultimamente não estivessem juntos com tanta assiduidade, falavam muitas vezes por telefone, e já sabiam da nova paixão de Afonso.
Ele já lhes tinha feito uma descrição pormenorizada de como se sentia no paraíso. Achava que finalmente tinha encontrado a mulher da sua vida, tendo-lhes manifestado que o seu estado era o de um homem que vivia agora em perfeita harmonia com a felicidade.
Exemplarmente bem, era assim que tinha decorrido todo o jantar. Aparentemente tinham gostado ambos de Marta, assim como ela tinha simpatizado com eles. Falaram aberta e descomprometidamente sobre os mais variados e diversos assuntos, riram, prometeram voltar rapidamente a encontrarem-se. Simone até sugeriu que se voltassem a encontrar brevemente, talvez organizar um petisco em casa deles, que foi bem acolhido pela parte de Marta. Enfim um serão bem passado na companhia de verdadeiros amigos que eram.
O pior estava para vir...
Na parte final do jantar, nos digestivos, o telefone de Afonso colocado em cima da mesa de jantar tocou duas vezes e desligou-se logo em seguida com falta de bateria.
Marta perguntou.
- Quem era?
- Não faço ideia - O telefone ficou sem bateria, quando chegar ao carro já o carrego e vejo quem era – Disse Afonso.
- Devia ser a outra a dar-te um sinal – Disse Marta em tom de brincadeira.
Todos se riram, Marta ainda voltou a brincar com a situação, dizendo que era concerteza uma paixão antiga que ele tinha. Algum caso que ele ainda mantinha em segredo, sem o dar por terminado.
Afonso percebeu que Marta estava tentando perceber alguma reacção da parte de Paulo ou de Simone.
- Não sejas tonta, sabes que só tenho olhos para ti, e depois não sei se já repararam, mas estou magríssimo, quase tísico, esta mulher é insaciável, não me dá um minuto de descanso, temos dias de começar na cozinha, percorrer a sala, devastando a mobília e acabarmos debaixo do carvalho, no jardim, não é amor?  – Disse Afonso abraçando e beijando Marta.
- Envergonhada com um ligeiro rubor na face, Marta respondeu:
- Ah!?! Que mentiroso! Não acreditem! Não tens vergonha Afonso? O que vão os teus amigos pensar? Ainda por cima mal me conhecem, ainda vão julgar que é verdade.
- E não é? - Insistiu Afonso – Como daquela vez quando cheguei a casa e eram velas acesas por tudo o que era sítio, estavas semi nua, na cama de rede, com aquele ar lânguido e me rasgaste a camisa. Sabem que temos uma cama de rede colocada a um canto da sala lá em casa?
- Oh Afonso pára por favor! Já chega, não estou a achar muita graça!
Respeita-me e respeita os teus amigos. – Disse Marta já com um ar de zangada, olhando com vergonha para Paulo e Simone, que se riam, não manifestando qualquer ar de reprovação.  Insistindo mesmo para que lhes contassem mais pormenores.
- Pronto, desculpa lá querida, eu exagerei, o que quis dizer é que só o
fazemos nos dias ímpares. – Disse ainda .
E continuas!?! Bem... e se pedíssemos  a conta? Já começa a ficar tarde, e nós ainda vamos para lá de Lisboa uns bons quilómetros, não é amor? – Lembrou Marta.
Todos concordaram, pedindo a conta, pagando e saindo logo de seguida.
Andaram ainda uns bons trezentos metros até ao carro de Afonso, ora de mão dada, ora abraçados, parando de quando em vez para se beijarem apaixonadamente, pois era isso mesmo que sentiam um pelo outro, uma ardente e forte paixão.
Paulo e Simone iam mais á frente, olhando para trás sempre que se atrasavam, e lembrando-os que Afonso afinal parecia ter razão em relação à insaciável Marta, apressando-a deste modo  a deixar de beijar Afonso e aproximarem-se deles logo em seguida.
Chegaram ao carro, entraram, Marta lembrou a Afonso para carregar o telemóvel, este já em andamento assim o fez, reparando que estava um número não atendido, visível mas completamente desconhecido,
Porque não ligas para saber quem é? Pode ser alguma coisa importante. - Lembrou Marta.
- Tenho mais que fazer. Era o que faltava, quem ligou que ligue novamente – disse despreocupado.
Estás com receio que seja ela? – Marta acentuou o “ela” de uma forma estranha com um sorriso não só irónico mas também de alguma malvadez.
Afonso brincou, depois de uma pequena hesitação:
- Ligo-lhe amanhã, quando estiver sozinho.
Marta:
- Acredito que é isso mesmo que vais fazer- Afirmou convictamente Marta.
Paulo percebendo que aquela conversa estava a entrar por caminhos que iriam dar maus resultados, perguntou a Afonso, disfarçadamente como estavam as coisas a correr no seu emprego, já que não tivera oportunidade de o fazer durante o jantar. Afonso deu um suspiro de alívio, agradecendo em silêncio a Paulo, pela oportunidade de poder falar de outra coisa, sem ter de se aborrecer com Marta.
Estava aborrecido, Marta pela primeira vez, irreconhecível, estava a tomar uma atitude patética, de ciúme que nada lhe agradava, iria ter uma conversa com ela, quando estivessem a sós.
Não lhe agradavam este tipo de atitudes. Sentia-se bastante incomodado. Questionava-se sobre o comportamento de Marta à frente dos seus amigos. Mais que não fosse por isso mesmo, que Marta o fizesse quando estivessem sozinhos, embora não concordasse com essa forma de estar. Ciúme, desconfiança, eram apêndices que não tolerava muito bem numa relação, e isso valia para ambos.
Marta tinha assumido um silêncio quase fúnebre e solene, limitava-se a olhar em frente para a estrada, parecendo olhar fixamente um só ponto. Permanecia inerte com as mãos sobre o colo, numa atitude que desagradava a Afonso. Aos poucos esse silêncio foi contagiando os três, como se tivesse aproximado um denso nevoeiro, invadindo as
suas emoções e as suas almas. No leitor de CDs, a pedido de Simone,
amante de musica clássica, sabendo  que Afonso  também a apreciava,
ouvia-se o Adágio de Albinoni, contribuindo dessa forma para um ainda maior ambiente soturno e de mal estar.
Perto de Lisboa, a escassos minutos da casa de Paulo e Simone, quando se preparava para mudar o CD, o telefone tocou novamente.
Marta, como se acabasse de acordar de um sono profundo e letárgico, desviou o olhar lentamente mas firme na direcção de Afonso. Era um olhar frio, carregado de uma inusitada e sórdida insinuação.
- Não atendes? – Disse com um ar de ironia, como se estivesse à espera daquele momento durante a viagem, ansiosamente.
Afonso desviando o olhar, visivelmente incomodado, com um ar comprometido, mas sem qualquer razão aparente, pegou no telefone, reparando que o número era exactamente o que tinha aparecido antes.
- Liga o mãos livres, vais a conduzir não te esqueças – reclamou Marta. Não tinha dúvidas, Marta queria saber quem lhe estava a ligar, por qualquer razão intuitiva, percebeu que algo de desagradável se iria passar nos momentos seguintes.
- Estou? – Disse sem conseguir disfarçar o nervosismo que o assaltava. Ninguém respondeu, silêncio absoluto.
- Estou ? – Voltou a repetir.
- Olá Afonso, está tudo bem contigo? Um arrepio subiu-lhe pela espinha.
-  Nunca mais disseste nada, estava a ficar preocupada contigo.
Afonso estava incrédulo, aquela voz não lhe era completamente estranha, mas não fazia ideia de quem era, uma voz terna, de mulher relativamente nova,  carregada de  uma sensualidade e intimidade apropriada de alguém que o conhecia demasiado bem.
- Quem fala ? – Insistiu novamente, enquanto olhava para Marta, encolhendo os ombros, num assomo de admiração, mas não conseguindo esconder um ar de comprometimento.
Isso irritou-o. Nada tinha escondido de Marta, não a tinha enganado, nunca!
- Não sabes quem é? Mas ela parece conhecer-te bem Afonso! -Ironizou Marta, olhando para o banco de trás, para Paulo e Simone, ao mesmo tempo que lhes perguntava se não achavam que sim.
- Oh ! Desculpa estás acompanhado, ligo-te noutra altura – Ouviram 
dizer do outro lado, ao mesmo tempo que o telefone se desligava.
Marta levantando um sobrolho, apenas olhando em frente, soltou:
- Que conveniente, desligou, deixa lá – disse colocando a sua mão esquerda em cima da de Afonso.
- Amanhã ou depois falam a sós, e assim põem a conversa em dia- rematou, não sem antes voltar-se novamente para trás e largar um sorriso, como que dizendo a Paulo e Simone, vêem ?, Então o que acham do comportamento de Afonso? Eu não dizia?
Afonso  profundamente irritado, tentou várias vezes ligar, mas em vão, nem para as mensagens, o telefone estava definitivamente desligado.  
Marta atacou sem desviar o olhar da estrada:
- Não insistas Afonso ! Já todos vimos que a moça está interessada em falar contigo, mas a sós. Vais ver que amanhã já conseguem falar um com o outro, ou então quando souber que estás sozinho. Vá não desesperes. Olha já chegámos a vossa casa, Simone. Foi rápido – Cortou Marta não dando hipótese de resposta a Afonso, e assim comprometendo-o.
Assim era, estavam a vinte metros do prédio onde morava o casal, que visivelmente aliviados por não terem de participar naquela discussão, ainda perguntaram educadamente se eles não queriam subir, sabendo de antemão qual a resposta.
Marta não saiu do carro, adoptando uma conveniente posição de vítima com o que tinha acabado de  suceder. Ao contrário, Afonso abriu a porta, saiu para se despedir, ao mesmo tempo  que era rápida
e estranhamente confortado por Paulo, como se o desculpasse e acreditasse em Marta, não em Afonso.
Ficaram de ligar em breve, Afonso voltou a entrar, acenaram por uma última vez ao casal que entrava no prédio e arrancaram rumo a casa.
Os cerca de trinta minutos de trajecto até V. Franca, fizeram-nos  num profundo silêncio. Nem Marta nem Afonso tinham vontade de falar, não conseguiam desviar o olhar da estrada. Sairiam da auto estrada e Afonso tomou coragem:
- Amanhã vou saber em que nome está este número. Vou-te provar que não conheço esta gaja ok?
 Obteve um já doentio e esperado silêncio.
- Importas-te de falar comigo Marta ? Eu estou a dizer-te a verdade, se não acreditas em mim, se insistires em não falar comigo, quando chegarmos a casa, pego nas minhas coisas e vou-me embora está bem? -  Insistiu ameaçadoramente.
Marta com os olhos marejados em lágrimas, soluçando, respondeu-lhe, ameaçando abrir a porta do seu lado, e sair em andamento.
- Isso ! Faz isso, deve ser o que ela está à espera. Escusas de te incomodar em me levar a casa, eu saio já aqui! Não tens vergonha tens outra e andas a enganar-me, eu para ti devo ser uma merda – disse, já num tom de voz nitidamente alterado, libertando-se do cinto de segurança e abrindo a porta do carro.
- Estás louca ? Fecha a porta, queres ter um acidente? O que te está a dar? Mas que parvoíce! Fecha a porta!
- Estou maluca sim! Se não parares saio assim na mesma! Enganaste-me ! Fizeste-me o mesmo que fizeste às outras ! Usaste-me e gozaste com o meu amor! Pára a merda do carro!
Afonso não queria acreditar no que estava a acontecer. Marta estava completamente fora de si. Nunca tinha visto nada semelhante.
A calma, doce e terna Marta já não se encontrava ali. No seu lugar estava uma mulher possuída pela loucura e insanidade, pelo diabo.
Vendo o transtorno em que se encontrava Marta, também assustado por perceber que ela iria sair do carro em andamento, parou, ela saiu.
Estava à entrada da ponte, na pequena rotunda de acesso, saiu também do carro, ligando os sinais intermitentes, enquanto incrédulo seguia Marta com um olhar estupidificado. Ela dirigia-se para a ponte, na firme intenção de a atravessar a pé. Este tinha sido o melhor dos seus pensamentos, porque o pior... bem o pior levou-o a gritar por Marta como quem chama por uma criança perdida, desesperado, ao mesmo tempo que começava a correr na sua direcção. Esta tinha acelerado o passo, estava visivelmente a tentar  fugir de Afonso. Os carros nos dois sentidos começavam a abrandar, pensando talvez que um louco qualquer estava a perseguir uma pobre mulher indefesa.
- Pára Marta! – Gritou Afonso com as mãos na cabeça- Pára! O que estás a fazer? – Estava a dez metros de Marta e esta tinha acabado de transpor os corrimões de segurança da ponte, sentada para o lado de fora, mostrando intenção de se lançar à forte corrente das águas  escuras e barrentas do rio Tejo.
- Vais-te embora não é? Vais voltar para a outra? Então vai já! Não esperes, nem te preocupes comigo. Amanhã vão-me encontrar se calhar já no mar. Vai Afonso! Porque esperas?
- Marta, não faças nenhuma loucura por favor. Vamos falar. Vá entra no carro, vamos para casa.  Eu prometo-te que não me vou embora, só temos de falar. Não achas que o nosso amor vale isso?
- Mentiroso! Como se chama ela ?
Marta estava longe de se acalmar. Afonso estava bem mais perto de um ataque de nervos. Tinha-se aproximado dela o suficiente para de um salto a agarrar, mas começava a recear que ela estivesse a falar verdade, que se quisesse mesmo atirar ao rio. Era demasiado arriscado. Já existia uma pequena multidão, cerca de um vintena de condutores curiosos e incrédulos tinham deixado as suas viaturas e estavam a menos de trinta metros dos dois. Em silêncio como se esperassem um funesto desfecho a qualquer momento. Outros começavam a aproximar-se no sentido inverso. Afonso reparou que um homem de meia idade, bem constituído, com ar de militar lhe fazia sinal. Era o que estava mais próximo deles. Com um ar confiante.
- Marta ! – gritou o homem, com uma voz forte e bem colocada. Nesse momento Afonso instintivamente saltou na direcção de Marta, agarrando-a com os dois braços, por baixo do peito dela, aproveitando a momentânea distracção de Marta que se tinha virado por um segundo na direcção do homem. Quando o fez, Marta olhou para ele, balbuciando com a voz trémula:
- Não me deixes Afonso. Nunca me deixes amor- disse-o enquanto os seus braços se entrelaçavam no pescoço de Afonso, apertando-o como uma criança assustada. O seu olhar foi desfalecendo e quando Afonso lhe quis responder Marta tinha acabado de desmaiar.
- Estava com receio que não percebesse o meu sinal- Disse-lhe o homem que entretanto se acercara deles.
- Conhece-a? – Perguntou-lhe Afonso, ainda mal refeito, amparando Marta, que se mantinha inerte, tentando com umas pequenas festas acordá-la do desmaio.
Entretanto alguém se acercou deles com uma garrafa de água e prontamente, passaram-lha pela face gelada.
Marta começava a dar sinais de acordar.
- Não! Não a conheço, mas você fartou-se de chamar pelo nome dela e vi ali uma chance única. Ela ia atirar-se da ponte.
Afonso ficou aterrorizado. Começava agora a acordar daquele pesadelo. Sentiu um imenso tremor a invadir-lhe o corpo. As suas pernas e os seus braços tremiam sem que ele os pudesse controlar.
- Sou sargento da GNR, e já vi dois casos destes. Um teve um final feliz, o outro foi trágico, foi...
- Ajude-me a levantá-la, quero levá-la para o  carro –  Cortou  Afonso, com o desejo que  o  homem  se calasse.  Não  estava  com  vontade nenhuma em  saber de mais casos.
- O que se passou para ela querer fazer isto? É  a  sua mulher?  Vocês estão com problemas? – Disse  enquanto  ajudava Afonso  a  levantar Marta.
- Eu ajudo-o a levar a  sua mulher,  acho  que  você   a deve  levar  ao hospital, é aqui perto.- Insistiu.
- Afonso leva-me para casa! Quero ir para casa!- Marta acordava finalmente. Olhava para o homem com um olhar acusador e de desconfiança. Isso deixou-o perturbado. A tal ponto que até chegarem ao carro, se manteve um silêncio.
- Sente-se melhor? Venham que eu levo-os ao hospital, tenho lá pessoal médico conhecido, examinam-na rapidamente - disse o homem com uma vontade e autoridade bem intencionada.
Marta sem deixar de manter um olhar odioso e de reprovação para com o homem. Como se o estivesse a culpar pela fracassada intenção de suicídio, disse já totalmente recomposta:
- Já disse! Quero ir para casa! Ainda não percebeu? Tenha uma boa noite!
O homem estava petrificado. A sua pose mostrava algum desalento e olhando para Afonso, disse:
- Eu só quero ajudar- disse-o com a firme convicção que Marta estava a ser injusta com ele. Extremamente injusta.
No entanto Marta permanecia firme nas suas intenções, essa sua determinação foi preponderante, o homem calou-se.
Afonso preparando-se para entrar no carro, estendeu-lhe a mão, agradeceu-lhe e pediu desculpa pela atitude de Marta. Estava tudo bem, não levariam muito tempo a chegar a casa. O homem ainda tentou falar qualquer coisa, mas já Afonso entrava no carro, colocando o cinto de segurança em Marta, que permanecia sentada, imóvel, olhando o sargento.
As pessoas entravam nos seus carros, comentando o sucedido, outras
ficavam para ver, talvez curiosas de um outro desfecho. Afonso voltou a agradecer com um gesto, ao mesmo tempo que arrancava na direcção de casa. Sentiu os olhares incrédulos das pessoas que se aproximavam do sargento, olhou pelo retrovisor, a meio da ponte, o sargento mantinha-se no mesmo local, vendo-os afastarem-se,  inerte.
Fizeram o percurso até chegar a casa, no mais absoluto e sombrio silêncio, mais uma vez calados. Afonso ainda tremia, relembrando e imaginando como seria se Marta tivesse consumado aquela tresloucada intenção. Não se atrevia  a falar com Marta.

















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