quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Marc(a)dor


Desde sempre que tens estado aqui ao meu lado,
Caminhaste comigo sem eu por aqui te querer,
Não segui simbolos, crenças ou meras ideias,
Segues-me, ignorando que eu deixei o passado,
E marcas-me como se eu assim quisesse viver,
Dentro de mim, como sangue em minhas veias.

Vou por uma estrada que tem o tempo calado,
Atravesso um deserto, chão de areias vermelhas,
Os abutres flutuam no vento, silenciosos agora,
Esperam por um farrapo de um ferido soldado,
Enquanto se abeiram cínicas as sentinelas velhas,
Tenho de te acabar, eu tenho marcada uma hora.

Não vou deixar que venhas mais atrás de mim,
Vou trocar a máscara e esconder-me incerto,
Mesmo sabendo que a vida vá sem um retorno,
Ofereço a alma penhorada a quem me dê fim,
Talvez não desistas, talvez fiques por aqui perto,
Eu só quero saber se a morte aceita um suborno.

JMC In Redenção



sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Percursos




No deserto que atravessas,
Não vejo óasis, apenas e só areia,
Comparo-o ao tempo, diluído,
Às dunas que te fazem promessas,
Aos chacais à espera de ceia.

Não és o primeiro na insignificância,
Nem o último serás por certo,
Digo-te, não por muito saber,
Mas por me comparar na tolerância,
Por atravessar esse mesmo deserto.

Não voltar a ter carcereiros,
Sei agora que comigo vens,
No tortuoso trajecto, caminhamos,
Somos assim, decerto parceiros,
Deste pesadelo não mais reféns.

Para trás ficas tu desalento,
Já não és a velha profecia,
Não mais dirás o nosso destino,
Peço-te emprestado o teu alento,
Que já foi o meu, por ironia.

Seguimos em frente, peregrinos,
Na nossa fé algo insolente,
Temerária miragem,
Ouvindo o badalar dos sinos,
Caminharemos imprudentes.

Por esta nossa última vez,
A minha mão te ofereço,
Nesta imensa jornada,
Saberemos o mal que nos fez,
Este mundo, eterno segredo adverso.

JMC In Contradição





quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O Homem luz.




Parece-me um estranho caminho,
O que tenho de tomar de encontro a mim,
Pareço-me com um homem sozinho,
Na verdade da solidão...
Na falsidade do fim.

Viajo no firmamento da imaginação,
Sendo estranho corpo no espaço,
Concordo que a imperfeita relação,
Me cala no egoísmo...
Seguindo-me, comum no que faço.

Vejo-me ninguém; sinto-me nada,
Julgo-me no sonho...imprudente,
Deixo a justiça calada,
No pesadelo esquecido,
Onde adormeço lentamente.

Passo longe do horizonte ideal,
Vendo as luzes que são indício,
Panorama, paisagem irreal,
Indicando vagamente,
A imagem do precipício.

Vulgarizo-me, sendo assim bastante,
Enquanto vozes me gritam a paragem,
Sussurra-me o vento constante,
Que seja peregrino,
Que seja a minha coragem.

E assim encontro-me novamente,
Saio da sombra que não me seduz,
Deixo de ser a estrela cadente,
Sem desaparecer na escuridão,
Tornando-me no homem luz.

JMC In Contradição


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Abrigo

A noite chega num raro esplendor,
Na vida de quem não quer viver,
Abandonado nos seus braços,
Sente a brisa que entardece a dor,
Sentindo a vida, que faz por perder.

Deita-se esperando que o mundo acabe,
Procurando o abrigo inexistente,
Privando com as privações,
De si já nada quer, nem sabe
Se os outros podem sentir o que sente.

O amanhecer fica-lhe longe no olhar,
Assim como o passado sem lembrança,
Mais vale ficar por aqui,
Nestes breves momentos, manda-se calar,
Não querendo mais encalhar na esperança.

Já não sofre na dor que lhe foi imensa,
As questões e dúvidas não o enlouquecem,
Estranha a lucidez alcançada,
Mas não a vida num corpo que já não pensa,
Nem os demónios que lhe aparecem.

Só pede que os anjos não se afugentem,
Para longe, pois está próxima a viagem,
Esquecendo o medo, fica-se pelo anseio,
Quer nesta última viagem, que lhe apresentem
O fim, a luz interminável da coragem.


JMC In Contradição

domingo, 11 de dezembro de 2011

Futura(mente)





Segundo notícias divulgadas no Global Great Disaster...a humanidade está infectada por um vírus mortal de origem até à pouco tempo completamente desconhecido.
Investigadores de vários pontos do globo, têm estado, desde então no seu encalço, analisando-o e informando as autoridades competentes. Não se trata de uma pandemia ou epidemia, mas sim de um único caso isolado.
O vírus, já denominado de 7 BHB, sigla encontrada para sintetizar 7 Billions of human beings está neste preciso momento em franca evolução, sendo de prever que no espaço de menos de um quarto de século colocará a humanidade na rota da extinção.
Embora, sempre tenham sido mostrados alguns indícios desta terrível doença, só nos últimos 50 anos é que os reais sintomas conseguiram despertar em alguns sectores, embora tardiamente, motivos de verdadeira preocupação.
Os sintomas que mais transparecem, são suores frios(degelos) erupções cutâneas(sismos, tsunamis) incontinência(chuvas fora de época) alopécia
(zonas desertificadas) ardores(guerras), etc. Também em algumas ocasiões se tem notado tonturas, cheiros nauseabundos(manifestações radicais). As zonas mais afectadas nem sempre são as menos protegidas, conhecendo-se alguns continentes onde a sua propagação é mais rápida e fulgurante, pois só num dos continentes se encontra concentrada cerca de dois terços desta virose.
A origem desta doença ainda permanece desconhecida, embora alguém defenda que pode ser transmitida por via sexual. Especialistas e muitos cépticos, asseguram que pode muito bem ter sido por via da masturbação.
A estirpe deste vírus na sua forma mais mortífera apresenta-se na forma de idiotas, ignorantes, arrogantes, orgulhosos, corruptos, políticos radicais, militares, avaros, invejosos, dogmas e alguns vips. Unindo-os uma curiosa manifestação, não conseguem estar muito tempo em consonância...
O tratamento encontrado reduz-se neste momento a alguns discursos, conferências, encontros ocasionais, muita discussão, alguns premiados, etc.
Alguns cépticos apontam a sua (da humanidade) deslocação para outras galáxias como a cura imediata. No entanto como é do conhecimento geral já será tarde a não ser que a venham buscar...



Desculpem-me, mas não tenho paciência para tantos “contos” de Natal...e o dia 25 de Dezembro “apenas” assinala a vinda ao mundo de Jesus Cristo, não do Pai Natal...

NB- Este pequeno texto foi escrito por mim noutro "sítio" à dois anos, no entanto por coerência e por o considerar actual decidi voltar a publicá-lo.