quinta-feira, 27 de janeiro de 2011



Evasão

Deixo-te sem dúvida,
E tu abres a transparência
Do que até agora era claro,
A invasão da consciência,
Aquela que eu já não encaro.

Já perdi o teu negro
Manto que me querias escuro,
Os dias eram noites brancas,
As noites, dias atrás do teu muro,
As carícias que não eram francas.

As saídas ocultas,
Escondidas do teu cinzento,
As janelas encerradas,
Por onde eu só ouvia o vento,
Nas emoções destapadas.

Afinal existias,
Jardim de ervas daninhas,
De flores maltratadas,
Abandonado como as minhas
Lembranças encarceradas.

A muralha branca,
Impossível no seu interior,
Impassível no apático sofrer,
Cai por terra, cadeia de horror,
Faço-a cair no meu querer.

Ficas aqui, só,
Entre as tuas paredes, a definhar,
Em soluços que não vou ouvir,
Em lágrimas que não vou secar,
No desespero do meu evadir.

JMC In Punição

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