sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Poetas

São macabros e doces,
Amantes e violadores,
Mendigos inconstantes,
Pedintes e impostores,
Indolentes fulgurantes,
São a chama do fulgor,
A discutível certeza,
Insensatos na proeza,
Tolerantes sem favor.

São lobos e cordeiros,
Pastores sem seita,
Doentes sem maleita,
Ingénuos e matreiros,
Brisa e a tempestade,
Juizes prisioneiros,
A mentira e a verdade,
A justiça e o castigo,
Homens sem abrigo,
Vaidosos sem vaidade.

Desiguais na semelhança,
Ricos ou só pobres,
Ralé, sendo nobres,
Partilhados na esperança,
São um escuro de repente,
Ou um amor trocado,
Também clarão demente,
Um ponto ou universo,
Um frio acalorado,
Em prosa ou no verso.

Um riso na tristeza,
Ao chorar da alma,
São ricos na pobreza,
Enervados na calma,
Descrevem as guerras,
Os gigantes Golias,
Cantam o mar e as serras,
Adamastor e as naus,
Silêncio nas melodias,
Sofrem o fado a trinar,
Saboreiam o caos,
Sem morrer, sem matar.

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