quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Lua



Tua luz é um brilho que vejo emprestado,
Incandescente na tua imensa solidão,
Feiticeira, mesmo passageira e ser adorado,
Em outras, sinal de quem te vê a superstição,
Quando és bem querida,
Mesmo por entre nuvens escondida.

Altiva, luz de caminhante e marinheiro,
Viajante no tempo e no espaço segredos,
Melodia de trovador, letra de cancioneiro,
Confessam-te amores, coragens e medos,
Lágrima, mistério sofrido,
Num reflexo dorido.

Chama inerte, pois que esse fogo não é teu,
Chamam-te nova, minguante, cheia, crescente,
Regulas marés, quando te penduras no céu,
Rogam-te preces, como por ti já morreu gente,
Sacrifícios em velhos altares,
Sacerdotes sem tu mandares.

Eclipse onde te escondes, onde apagas teu ser,
Onde na tua silhueta, por segundos és magia,
Negra e alva de seguida, transparente de se ver,
Anciãos ou magos, egoístas roubam-te a poesia,
Ficas presa por um cordel,
Chamam-te lua de papel.

Tens uma face, outro lado negro que não é luar,
Obscuro, oculto, incerto para o outro mundo,
Nasces no entretanto de uma luz que vai findar,
Fases em que ficas, fazes que não vês moribundo,
Ficar este mar, esta terra,
Esta fome e esta guerra.

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