terça-feira, 3 de maio de 2011

Sociedade clandestina



Nos vestígios da noite procuram-se ritos urbanos,
Aproximam-se rostos famintos em passos vendidos,
As sombras inertes ocultam os silêncios profanos,
Nos bares abertos, perdem-se nos corpos despidos.

No ócio das janelas revelam-se às ruas incertas,
Restos de gente, algumas testemunhas disfarçadas,
Violadores que espreitam as outras almas desertas,
Rastos de sangue nas veias vazias e amordaçadas.

Contam fábulas, os velhos mas ninguém adormece,
A cidade só, acorda quando os teus olhos se fecham,
Lança-se o tráfico, enquanto num grito se esquece,
Mulheres e as esquinas dos clientes que se invejam.

Montras iluminam inertes manequins sofisticados,
Sirenes passam, a surdez faz-nos perder os sentidos,
As fardas declaram-se, e nos corpos dos indesejados,
Algemam punhos miseráveis sem revolta dos vencidos.

Abrigam-se os pedintes nas frias escadas do medo,
Uivam cães famintos, mordem o ódio da raiva forçada,
Passos sem dono apressam-nos, jazem no segredo,
Vagueando sem destino qualquer ou alguma morada.

Os clérigos indigentes proclamam suas misericórdias,
Hábitos decorrentes trajam moribundos escondidos,
Homens de fés diferentes encobrem suas discórdias,
Pragas divinas dividem solenes os que foram escolhidos.

Os subúrbios acolhem os fugitivos desintegrados,
Os gatilhos dispersam a agonia da bala peregrina,
A sociedade furtiva espera os mutantes policiados,
E a cidade determina uma liberdade clandestina.

JMC In Redenção

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