quinta-feira, 12 de maio de 2011

Lágrimas mudas



Por quanto tempo mais chora o mundo em vão,
Quantas mais lágrimas cairão num imenso segredo,
Quantas mais verei derramar no sentido deste medo,
Sentindo que apenas são as gotas de uma imensidão,
Uma seguida de tantas outras, caindo transparentes,
Caindo pelo rosto de uma criança que nasce mulher,
De uma fome e da guerra que não choram inocentes,
Lágrima ante os sorrisos da farda suja que todos fere.

Desaparecendo em solo árido e seco desventrado,
Lágrima que solta um adeus depois da tua partida,
Como a lágrima que recebe este amor regressado,
Chorando de mãos abertas na má sorte de uma vida,
Sábios lavam as almas juntando cada gota de cristal,
Mesmo as lágrimas derramadas sem a luz da razão,
São de rostos tristes que sofrem o silêncio de um mal,
Chorando ricos e pobres, iguais na mesma condição.

Existem lágrimas que riem de uma ténue esperança,
Existindo naquelas que são melodia no seu doce cair,
Eu já me conheci no pranto de quem quis a vingança,
Por mim outros já se enlutaram por julgar o meu partir.
Já choraram sem valer a pena o erguer de uma espada,
Como se uma lágrima bastasse para ouvir um grito mudo,
Transbordando dos mares como onda de espuma gelada,
E num sussurro, uma só lágrima nos pudesse dizer tudo.

JMC In Redenção


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