No deserto que atravessas,
Não vejo óasis, apenas e só areia,
Comparo-o ao tempo, diluído,
Às dunas que te fazem promessas,
Aos chacais à espera de ceia.
Não és o primeiro na insignificância,
Nem o último serás por certo,
Digo-te, não por muito saber,
Mas por me comparar na tolerância,
Por atravessar esse mesmo deserto.
Não voltar a ter carcereiros,
Sei agora que comigo vens,
No tortuoso trajecto, caminhamos,
Somos assim, decerto parceiros,
Deste pesadelo não mais reféns.
Para trás ficas tu desalento,
Já não és a velha profecia,
Não mais dirás o nosso destino,
Peço-te emprestado o teu alento,
Que já foi o meu, por ironia.
Seguimos em frente, peregrinos,
Na nossa fé algo insolente,
Temerária miragem,
Ouvindo o badalar dos sinos,
Caminharemos imprudentes.
Por esta nossa última vez,
A minha mão te ofereço,
Nesta imensa jornada,
Saberemos o mal que nos fez,
Este mundo, eterno segredo adverso.
JMC In Contradição
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