quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Besta Angelical




Ascende no disfarce de uma efémera borboleta púrpura,
Profetizando as parábolas destes gentios sem esperança,
Lançando pequenos murmúrios de um exército salvador,
Belo pecado e os corvos de negro malditos na vingança,
Acordam crentes e os anjos caídos no prazer e no pudor.

Gárgulas e quimeras observam-na nas noites sombrias,
Enquanto os delírios e o feitiço veneram a sua demência,
São mil receios, alheios que se recolhem nas pedras frias,
Falsos profetas a julgarem-se no luto e na sua clemência,
No estranho arco-íris negro que ilumina as suas profecias.

As crónicas do tempo assinadas pelas garras do demónio,
São capítulos rasgados no granito de uma pedra tumular,
Lembram bravos guerreiros caídos no chão ensanguentado,
Protegendo-se no livro da fé, e nos segredos por revelar,
A besta angelical paira sobre o fétido silêncio aniquilado.

Abutres alinham-se no céu, circulando em volta do banquete,
A raiva dos nobres cães esfaimados é perfeita nesta devoção,
No purgatório dos incautos, amontoam-se coroas decepadas,
Caveiras odiosas que o tempo desfigura em infinita maldição,
Suspiros derradeiros enlutam a noite das almas resgatadas.

Seus lobos famintos que desventram os cadáveres condenados,
E as virgens descalças, possuídas pelos meus demónios, choram,
Defronte do Príncipe das Trevas, senhor das eternas fogueiras,
Por justiça e misericórdia, despidas na pele por mim se demoram,
Suplicando enquanto a besta se devora expiando seus pecados...


JMC In Redenção

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