quarta-feira, 1 de junho de 2011

Máquina do tempo


A colisão dos tempos é insaciável e a derrota chega devagar,
Os sinais foram dispersos e os anjos nunca aqui estiveram,
Os homens não progridem e os chacais começam a chegar,
Longas vão ser as noites, gélidas de uma estação de abismo,
Ainda agora sucumbiram os algemados, os que não souberam,
Sorrir e dançar na ironia de um destino de fraterno cinismo.

Os enigmas sôfregos de um final são apenas um leviano começo,
O meu corpo é devassa nossa e a minha pele o princípio de ti,
Não me recordes desse caos, que é sangue onde eu me esqueço,
Não me dês regras à liberdade, eu sei quem ficará para nos contar,
A máquina do tempo afinal não existe e este meu sonho acaba aí,
Onde os peregrinos se perderam, onde eu vi as mães a chorar.

Ensurdeço, as vozes discordantes no uníssono de preces sagradas,
Aos deuses erguem-se as faces lívidas de ser apenas sobrevivente,
Abastadas na esperança que rareia, afastadas de outra condição,
Os senhores de outros, com destino igual nas vidas condenadas,
Babel é a torre sem regresso, é pedra sobre pedra, cimo indigente,
Ruína constante na fraude humana, cálculo despido sem razão.

Seguidores de tempos perdidos, descalços de caminho indeciso,
Pérfidas serpentes rastejam no paraíso que de azul nem o céu,
Temo apenas deixar os últimos, os que ficam para o final juízo,
Os que temem os sacerdotes, os templos e o tempo que se finda,
Homens que são lanças, mulheres que nascem atrás de um véu,

Temo o altar do sacrifício, a máquina que é do nosso tempo ainda.

 

JMC In Redenção




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